terça-feira, 21 de setembro de 2010

um e meio por dois: ESSE É UM BLOG SOBRE ARTE!

Olá!!!

Que bom começar mais um blog (mas esse não vai parar no meio, prometo)!
Praticamente a idéia surgiu pela necessidade de escrever sobre arte. É. ESSE É UM BLOG SOBRE ARTE. Trarei relatos de várias experiências bem legais que têm acontecido comigo, como: exposições, encontros, palestras, discussões em aula e tudo que achar bom para deixar uma pulguinha atrás da orelha e possibilitar pesquisar e trocar conhecimento.

Sou estudante de artes visuais e como algumas pessoas sabem, não pretendo ser artista.
Não, não é bem assim. Tenho adorado e achado incrível todo trabalho prático que a faculdade está me proporcionando, pretendo continuar a investigar isso (principalmente relacionado à pintura, ou melhor, ao caráter pictórico), mas ainda estou bem focada no "campo das idéias". Toda a parte teórica, de pesquisa, de filosofia e estética da arte.

Pegou? Então vamos lá.

Ah, me escrevam. Comentem, tragam questionamentos para discutirmos e pensarmos, tragam experiências também, garanto que assim vai ficar muito mais interessante e vai valer muito mais a pena.

Deu né?

Bom! Começo o blog, então, falando do Encontro Internacional de Curadoria que aconteceu no Centro Cultural São Paulo nos dias 17 e 18.

http://www.forumpermanente.org/.event_pres/encontros/international-curatorial-encounter/

Taí, o link do Fórum Permanente, responsável por esse encontro, para quem quiser saber sobre o evento e conhecer o Fórum.

Para esclarecer, participei do evento no dia 18 somente. No dia 17 vários artistas, curadores, educadores e pessoas da área das artes visuais se escontraram para discutir questões relacionadas à curadoria em várias mesas com temas diferentes.

No dia 18 a idéia era expor ao público os principais questionamentos das mesas.

Com o tema, Arte Contemporânea e Curadoria, o encontro contou com a participação de Martin Grossmann, Ricardo Basbaum, Cristiana Tejo, Ana Letícia Fialho e Pamela Prado.
Foi bem uma conversa, com cada um expondo os temas das suas mesas e jogando umas questões para o público refletir, bem com a idéia de não atribuir respostas de imediato. E foi legal por isso, eu acho, porque é assim, a gente não têm muitas certezas quando se trata de arte contemporânea, seja em curadoria, crítica, mediação... Ainda é tudo muito incerto, mas instigante, e nos abre um leque de milhões de possibilidades para refletirmos, construirmos e entendermos a arte e o sistema artístico do nosso tempo.

No geral, era para se pensar nas estratégias para a arte contemporânea e curadoria para a próxima década.

Cristiana Tejo trouxe o tema "Práticas de Curadoria". Gostei muito da fala dela, e apesar do tempo curto, foi bem completa. Uma das questões abordadas foi a falta de projetos curatoriais das instituições. E realmente (eu ainda sou leiga nisso, estou começando a pesquisar e estudar alguns projetos) a impressão que tenho é que não temos mesmo muitos projetos próprios de instituições, grandes montagens que não sejam retrospectiva, ou de um único artista. Não estou dizendo que essas não são boas exposições, claro que são, mas parece que ficamos apenas nisso. Se eu estiver errada por favor me avisem!

A Pamela Prado falou de metodologia e ensino de curadoria. E a grande questão foi que é necessário levar em consideração o contexto histórico e social para a formação de críticos, mediadores e curadores e que deve haver (claro!) como fonte principal a História da Arte, Filosofia da Arte e Crítica em todos os contextos. É interessante isso porque na verdade não tem como pensar um projeto curatorial dentro de um contexto específico e levar para outro. Sim, é importante esse jogo cultural mas o que não dá é esperar que a experiência seja a mesma e a recepção também. Mesmo porque (e isso eu sinto falta sim) parece que muitos curadores pensam somente no público que entende de arte, e hoje o acesso à exposições e informações é bem diferente, e acabam não levando em consideração isso: o público. Já cansei de ir em exposições que parece que o curador montou a exposições para outros curadores. E isso é péssimo.

Adorei o Ricardo Basbaum. Nunca havia presenciado uma bancada com ele e achei que o cara tem uma sensibilidade (e uma calma) pra tratar dos assuntos bem relevantes para, por exemplo, o tema da mesa que ele expôs, "Curadoria e artistas curadores" e, além disso, também entrou nas questões de mediação (aqui entra a sensibilidade). Hoje existem muitos artistas curadores, artistas que já pensam na curadoria dos seus próprios trabalhos e ai vem a pergunta: onde entra o curador num projeto desse? Lógico, como eu disse no começo, a bancada só jogou as perguntas. Mas foi legal pensar sobre isso. Ainda não tenho nada muito certo na minha cabeça. Mas me interessa muito a idéia desse trabalho em conjunto. Acho que a curador ganha muito com essa parceria.
A mediação foi um assunto que me interessou bastante na fala do Basbaum. Ele disse sobre a comunicação muito expandida que possibilita o espectador ter a acesso a obra muito antes do contato direto. Essas camadas que fazem a mediação com as obras, de certa forma filtram a experiência. E isso me instigou para um pensamento que passei a direcionar como ação (E isso vem lá do J. Larrosa): eu só vou atrás de informação, texto, ou qualquer coisa a respeito da exposição depois de visitá-la. Fica a dica.

Marcel Grossmann também falou de mediação mas principalmente da relação da curadoria com a crítica, e o que ele chamou de crítica-criativa dentro da arte contemporânea, que não entendi muito bem, mas acredito estar relacionada com o papel do artista crítico também, mas posso estar enganada. Vou atrás disso, o que achar trago para cá. Dentro do assunto, falou-se da importância da educação como mediadora entre arte contemporânea e público. É preciso que as pessoas sejam educadas para a arte de seu tempo como em todo a história da arte. Isso é óbvio.

A Ana Letícia Fialho fez a mediação da bancada junto com o Grossmann e também é do Fórum Permanente.

Depois que foi aberta a discussão para o público duas perguntas foram mais relevantes e geraram um boa discussão. A primeira foi sobre a definição de mediação crítica. Não houve resposta, mas se questionou até que ponto a mediação pode ser crítica e vice-versa. E eu acredito que é de extrema importância que no processo educativo esteja incluída a crítica, como formação de juízo crítico, para que isso no futuro forme profissionais capazes de possibilitar a mediação através da crítica. Não sei, mas tenho pensamentos confusos ainda sobre isso.

A segunda pergunta foi de uma estudante de sociologia política (???) que perguntou como a curadoria enxerga e articula o fato de o grafiti estar num momento de inserção no sistema da arte. O grafiti que tem a característica principal de ser uma arte de rua ( e deixo bem claro que isso não é nem um pouco menor, é só uma característica) está querendo sair desse espaço e entrar em museus, galerias, centros culturais, enfim, dentro desse eixo curatorial.
A curadora Daniela Labra que participou das mesas no dia anterior e estava na platéia soube articular essa questão. Ela já fez a curadoria de uma exposição só de grafiti chamada "Fabulosas Desordens" e o mais legal nessa discussão foi que, na verdade, o fato de o grafiteiro estar dentro do espaço de arte não é o problema. O problema é que na rua eles querem ser chamados de grafiteiros e dentro da instituição querem ser artistas. Perai, isso demonstra uma certa falta de interesse por parte desses "grafiteiros/artistas" sobre onde realmente estão. E não só isso, Labra falou que pelo que ela percebeu esses caras não têm muito interesse em arte sabe, em estudar, em saber como funciona isso e acaba nisso ai, eles não sabem nem o que são. Eu concordo com isso. E não é uma crítica, mas se eles estão querendo estar dentro de tudo isso, seria bem legal que eles procurassem saber sobre isso.

Fui na Bienal do Grafiti no Mube (não vou falar sobre agora, talvez outra hora) e só queria dizer que meu pensamento mudou muito com relação ao grafiti e acho que na rua ou no museu os caras são artistas. Têm muitos deles que preferem a rua e acham que o trabalho deles é nesse espaço, outros já querem expadir essa idéia e trazer o grafiti para o sistema contemporâneo da arte. Ambas as situações são super válidas e mais, não acho que tenha muito a ser discutido sobre isso. (Não entrei na questão do picho e Bienal e etc e nem vou entrar). O grafiti é arte do nosso tempo e devemos somente articular suas proposições estéticas ou não, e não definir lugares para ele.

Voltando a Daniela Labra, ela ainda jogou uma super questão: se a o grafiti é feito em tela, ele é grafiti ou é pintura? E fica ai a pergunta. Eu ainda não tenho resposta. Mas vou atrás.

Rá. Muita coisa ainda para digerir. Amanhã escrevo mais e contarei sobre o encontro com os artistas alemães no Masp. Mas só amanhã.

Cuidem-se.

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