Olá!
A partir de hoje as anotações deste caderno laranja estarão aqui também.
Nunca tive um caderno de projetos. Não queria ter produção artística. No fim foram surgindo alguns projetos (meu tempo de criação é um tanto quanto lerdo) e um jeito muito meu de anotar tudo que eu queria. Isso tudo aos poucos contribui para outros e outros projetos... Ou não. E acabam sendo apenas meus espasmos e vontades de escrever ... Só.
Há um tempo atrás fiz um workshop sobre curadoria com o Marcio Harum. Devido ao último semestre da faculdade estudando entre milhões de coisas, minimalismo, John Dewey, Hélio Oiticica, alvenaria, cerâmica, deixei um pouco de lado meu interesse em curadoria.
Mas gostaria de expor aqui as coisas que anotei nos três dias de workshop e acabei relendo sem querer hoje. (Na íntegra!)
Curadoria por Marcio Harum
Curadoria experienciada por quem lida com o que é íntimo:
- assumir o lugar de sua própria subjetividade;
- variações constantes de corpo e consciência pela prática dialógica/expositiva;
- dar voz a essa experiência é talvez poder desestabilizar-se pela revisão crítica/teórica como autor, como orador;
- o gosto convertido em necessidade político-identitária;
- o gosto como emergência existencial (bonito isso!);
- o gosto como criador de vínculos comuns e provocador de divergências sem causa objetiva (ou apostar no combustível do consumo de cultura).
*Giro curatorial: da prática para o discurso.
* A partilha do sensível - Jacques Rancière (aquisição futura)
Curadores:
- o elemento significativo da mudança do papel principal do curador é a sua evolução criativa e ativa diante da produção artística;
- atende tanto as necessidades do artista como as demandas do público e atua como mediador perante a instituição público/privada;
- articula seu posicionamento com base no discurso artístico onde a prática curatorial necessita o "falar" e o "escrever" para que sua função seja reconhecida dentro do sistema de arte;
- fazer e dizer são formas de agir e pensar o mundo.
No segundo dia tivemos uma conversa muito interessante com a escritora e curadora Daniela Castro. Apontamentos feitos por ela me esclareceram alguns pensamentos até então confusos com relação à curadoria.
Curadoria por Daniela Castro
- a curadoria tem uma hipótese;
- não há linha curatorial. Há uma rede no sentido de vetores;
- não tem nada de subjetivo. É pessoal;
- silêncio: outra espécie de tradução;
- característica de texto de escritor e não curador;
- "Que Deus te guie porque eu não posso guiar". (Haroldo de Campos);
- o texto curatorial tem que disparar situações, pensamentos e não explicar nada;
- a dinâmica do conhecimento para a prática e com a prática;
- sair do ambiente comum;
+ Haroldo de Campos na minha vida!
Esse encontro aconteceu no Paço das Artes. Ao mesmo tempo estava ocorrendo a exposição "Assim é se lhe parece" com curadoria de Priscila Arantes e Cláudio Cretti e trabalhos de Alberto Simon, Ann Lislegaard, Bruno Dunley, Gisela Motta e Leandro Lima, Laura Belém, Laura Vinci, Leandro Erlich, Milton Marques, Paulo Nenflidio, Sara Ramo e Wagner Malta Tavares.
Gostei muito da exposição. Gosto de exposições que não são prepotentes; apresentam os trabalhos do artistas, propõe questionamento e reflexões e só. Nada de espetáculo.
Depois de visitá-la, na escada do paço esperando o workshop...
A mudança de estado das coisas e pessoas.
Em que momento nos encontramos sólidos, líquidos, gasosos?
A recusa do estado normal das coisas.
O que parece é, pois passa a existir em outro estado.
O tempo da mudança de estado.
O que há de misterioso na mudança.
Mudar de estado é ficção?
... pensamentos que vieram com o frio daquele dia.
"Cosí è, se vi pare." Pirandelo
Cuidem-se!
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