quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Makoto Habu - O jogo e o gênero



Makoto Habu
Pintura Elementar nº C, 2010
Grafite em pó sobre parede
Dimensões variáveis

A obra de Makoto Habu se trata de uma pintura/desenho feita com grafite em pó diretamente sobre parede, suscetível de se tornar efêmera, visto que aos poucos o grafite se desprende. Esse material depois de fixado possui a forma de um quadrado.
Ao trazer o formato característico da linguagem pictórica e o material da linguagem gráfica, o artista dialoga com ambas as linguagens de forma sintética, limpa e rica em discussões relacionadas ao caráter pictórico e gráfico.
Makoto Habu ultrapassa os limites das linguagens ao fazer seu trabalho diretamente na parede, de forma a criar um “quadro” que se expande, que vai além dos seus limites físicos, colocando o espectador em sintonia com a obra e o espaço. Habu, porém, utiliza o grafite como material de trabalho, portanto, não se pode excluir a possibilidade de ali estar desenhado, e não pintado, um quadrado na parede.
Essas possibilidades de reflexões e jogos de linguagem atribuem uma singularidade ao trabalho, principalmente, se relacionado à estética. Por um lado podemos atentar para o fato de que o desenho, tradicionalmente, não possui massa como elemento plástico-visual. Consequentemente, a obra se encaixaria dentro da pintura? Ainda não é uma conclusão sólida e suficiente, pois, no entanto, o trabalho só acontece de forma única pela utilização do grafite em pó.
Atribuir a obra de Habu a uma determinada linguagem é excluir todas as suas particularidades enquanto obra de arte contemporânea. A questão principal do trabalho é o jogo. É o passeio livre, e rico esteticamente, pelos principais campos da arte.
Makoto Habu possui algo de semelhante com os trabalhos da artista Flávia Ribeiro. A artista trabalha com diferentes tipos de metais em seus trabalhos tridimensionais, assim como materiais brutos e também o grafite como material e não instrumento. A semelhança entre os artistas não existe somente pelo mesmo uso dos materiais, mas ao fazer da obra um organismo vivo no espaço, um organismo material. A obra, portanto, atua como cúmplice do espectador que contempla e participa dos seus jogos de linguagem e se afirma como dona de seu tempo e espaço.

Cuidem-se.

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